sexta-feira, 13 de agosto de 2010

3 ANOS DEPOIS...

Ao som de "Johnny B. Goode" de Chuck Berry tenho o prazer de realizar o post do dia que marca 3 anos do meu retorno aos desenhos.

Foi no dia 13 de Agosto de 2007 num vagão de trem metropolitano impulsionado pela angústia de não ter mais os desenhos em minha vida que rabisquei num calhamaço de folhas com uma espiral os primeiros traços torços e trêmulos de uma nova empreitada por um novo velho caminho. Naquele momento era apenas isso, alguns rabiscos, com alguém sem coordenação motora que começa a traçar as primeiras linhas... tudo muito feio, tudo muito ruim... mas era como voltar a andar após um acidente de carro...
Naquele momento minha estadia no limbo dos sem destino havia chegado ao fim e um novo ciclo se abria cercado por criaturas surgidas no mundo dos quadrinhos: Superman, Batman, Homem-Aranha, X-Men...


Lembro-me que após o fim do primeiro semestre na universidade, fui tomado por uma grande nostalgia e me questionava porque não retornar a fazer algo que me realizava enquanto indivíduo e que por muito tempo definia minha identidade: desenhar super-heróis. Estava feliz com tudo que fazia, havia me esforçado para quebrar as barreiras que dividem socialmente as classes onde vivo. Entrar numa universidade pública para alguém como eu, do lugar de onde venho, exige um esforço quase sobrehumano, e isso é vergonhoso. Porém, os dias sombrios de 2004 haviam me levado a uma nova vida e sentia falta de mim mesmo. A internet, a inserção numa rede social, o contato com novas pessoas que dividiam a paixão pelas mesmas coisas, o apoio de minha namorada e o conhecimento deste novo mundo, 42 meses depois, foram pressupostos para voltar a desenhar.

Algumas pessoas riem quando digo isso: "como assim voltar a desenhar?", "o desenho nunca saiu de você." Entretanto, caros amigos, assim como toda pessoa que anseia por trabalhar com o que gosta, não medimos os sacrificios em nossa busca e a vida, o mundo, é muito mais complexo por muitas vezes que nossa percepção dele. Nunca fui bom, bom o necessário para conseguir chegar onde gostaria; desenhar quadrinhos de super-heróis para as editoras americanas parecia algo tão distante em minha vida como conhecer New York.

Esta busca faz com que me esforce dia após dia a evoluir como ser humano, como artista e proporcionar o melhor que posso para as pessoas que acompanham meu trabalho. Entretanto, durante os 36 meses que voltei muita coisa mudou, o que é natural. Não vejo mais quadrinhos, ilustrações como a definição do que sou, é sim uma parte de um todo, acima de tudo, penso que não adianta desenhar para mim, mas para os outros.

É um trabalho, com a diferença que me realizo ao fazê-lo... Não adianta desenhar apenas quando dá vontade, da forma que quero, mas fazê-lo quando se fizer necessário, quando for chamado. Acho que esta é a funcionalidade para o que faço.

Obrigado a todas as pessoas que me proporcionaram críticas, elogios, emoções, angústias, enfim, me acompanharam ao longo deste tempo.

Minha busca está apenas começando...

Na ilustração, Adaga e Manto, heróis da Marvel Comics.

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